Entre Moro e Bolsonaro escolho o Brasil
Por Vinicius Marques Boeira
29/05/2020

Entre Moro e Bolsonaro escolho o Brasil

Provavelmente por cacoete profissional, já que sou advogado, somado à experiência de vida mesclada com a vivência de anos de atuação política, desde os bancos estudantis, prefiro não tomar conclusões de inopino e analisar os fatos com vagar. Mas, principalmente após ter conhecimento das razões e das contrarrazões. Poucas coisas na vida dão certo quando decididas de afogadilho!
Pelo que vi no dia 24 de abril, a maioria das pessoas não age de tal maneira e rapidamente tomou lado no embate entre o presidente e o ex-ministro da Justiça. Logo após o pronunciamento de despedida do ex-juiz Moro as redes sociais foram inundadas de críticas ao governo e de previsões impeachment; pessoas dizendo que abandonavam a gestão que ajudaram a eleger.
Depois, quando da manifestação de Bolsonaro, alguns tratara de revisar suas posições; havendo inclusive postagens atacando a honra do Moro.
Sou brasileiro, vivo no Brasil, tenho família aqui e continuaremos a tirar nosso sustento nas relações privadas de trocas voluntárias; ou seja, não teremos uma saída mágica de solução dos problemas nacionais; ou uma solução de viver em outro lugar. Precisamos que a economia ande, que reduza a corrupção e que não haja possibilidade de socialistas voltarem ao poder!
Nesta nova crise iniciada naquele momento que é, na verdade, uma mine crise dentro da crise continuada que o Brasil assiste desde a proclamação da república, que culmina em rupturas institucionais a ciclos fixos; não há vítimas nem algozes; não existem mocinhos e bandidos. Há a disputa de poder dentro das regras do jogo, que é um presidencialismo de aglutinação remunerada, com eleição fajuta por voto (des)proporcional em lista aberta.
Primeiro, preciso dizer que por escolher um lado, não quer dizer que sou contra o outro!
O Sérgio Moro prestou inúmeros serviços ao país e virou símbolo de combate a corrupção. Foi um juiz de primeira instância exemplar e desempenhou papel relevante na Lava Jato. Deveria ter continuado fazendo o que faz de melhor, julgar.
Existe uma coisa que a maioria das pessoas desconhece ou se recusa a reconhecer; que é o limite de competência. O Moro se encaixa nesta, pois deixou a desejar como ministro, não fazendo o que dele se esperava quando assumiu o cargo no governo. E, do outro lado, a operação Lava Jato permanece praticamente imobilizada após sua saída da vara Federal de Curitiba. Perdemos um profissional que fez diferença na história do Brasil e não ganhamos o ministro que pensamos que teríamos num governo que se mostrava liberal e conservador, em antagonismo às décadas de governos de matriz socialista e social democrata. A sociedade perdeu duplamente!
Mais, no discurso de saída, Moro narrou vários possíveis crimes que poderiam estar ocorrendo no governo desde o início da gestão; e ainda tratou de entregar conversas privadas (não só com o presidente, mas com outras pessoas de suas relações pessoais- numa clara e manifesta intenção de traição de confiança) à Rede Globo, que todos sabem, não está interessada no bem do Brasil e da sociedade brasileira. Apenas quer manter polpudas transferências de recursos públicos para seus cofres privados.
As relações, de qualquer natureza, sejam pessoais, profissionais ou mesmo amorosas, são desnudadas nas despedidas. É inaceitável um cônjuge sair da relação ferindo a honra do outro; da mesma forma o fim de uma amizade não autoriza o ataque e a traição quando finda. Um funcionário terá imensa dificuldade de se recolocar no mercado se falar mal de seus patrões anteriores.
Penso que a despedida mostra o caráter e a honra das pessoas; e confesso, fiquei decepcionado com o Sérgio Moro.
Para onde ele irá? Ele agora é político; dinamitou a sua porta de entrada no STF, e pode ter implodido a ponte para cargos políticos, pois não se mostrou confiável. Tentará se candidatar a cargo eletivo daqui dois anos? Os atos estariam sendo feitos extemporaneamente. Existem muitas coisas que ainda virão à tona - ou não. Mas, o fato é que não estão todas as peças no tabuleiro.
No outro córner, Bolsonaro mostrou suas razões e me parece que merece crédito, que precisa continuar a governar; aprovar as reformas encaminhar a desnudação dos que atacam os interesses nacionais de desenvolvimento e crescimento econômico.
Por mais que olhe, não vejo com bons olhos os que atacam o governo e pedem o seu fim prematuro. Os socialistas e social democratas arruinaram o país e não podem retornar ao poder; a solução é a continuidade do governo, com críticas construtivas, quando necessárias, e apoio condicionado á boas práticas e projetos que diminuam as amarras e destruam as âncoras que impedem o crescimento econômico.
Necessitamos de um sistema eleitoral com voto distrital, e um sistema de governo com divisão de poder, com distinção entre chefe de estado e chefe de governo.
Precisamos que as relações trabalhistas sejam mais simples e seguras, valendo o que as partes negociaram. Da mesma forma, que os encargos e custos de contratação e demissão sejam menores. Precisamos de estabilidade nas trocas voluntárias entre particulares, que os contratos sejam válidos, que a propriedade privada seja assegurada. Enfim, precisamos de segurança jurídica e que o Estado de Direito seja assegurado!
Alguém acredita que isso ocorrerá com mais um impeachment?
O caminho para o Brasil grande, forte, estável e com crescimento econômico não passa por deposição do presidente!

 

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