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O governo de centro-direita da República Checa recebeu nesta terça-feira um voto de não-confiança do Parlamento, o que pode obrigar o primeiro-ministro Mirek Topolanek a renunciar no meio do mandato de seis meses do país na Presidência rotativa da União Europeia.
A moção de censura foi aprovada por 101 parlamentares dos 200 da Câmara Baixa da Casa. Esta foi a primeira vez na história do país que um governo checo é derrubado por uma moção de censura da oposição.
Quatro parlamentares que fazem parte da base do governo se rebelaram e votaram contra o premiê junto com a oposição, formada por social-democratas e comunistas.
Após a aprovação da medida, o primeiro-ministro Mirek Topolanek afirmou que irá renunciar, mas ainda não está claro quanto tempo ele ainda poderá permanecer no cargo.
O anúncio da medida gerou dúvidas sobre a capacidade do país de continuar na Presidência do bloco europeu, principalmente em um momento de crise econômica.
A Comissão Europeia, órgão executivo do bloco, no entanto, afirmou por meio de um comunicado estar confiante de que a República Checa será capaz de continuar a exercer o papel de maneira efetiva.
"A Comissão tem total confiança de que a Constituição da República Checa permitirá que o país continue a conduzir a Presidência do Conselho da mesma forma efetiva que tem feito até agora", diz o comunicado.
O líder da oposição Social Democrata, Jiri Paroubeck, afirmou que o gabinete de Topolanek pode continuar governando até o fim do mandato rotativo na Presidência da UE, que termina em 30 de junho, segundo a agência estatal CTK.
O Partido Social Democrata, no entanto, quer a substituição dos ministros de Interior e Justiça e a suspensão do programa de privatizações.
"Enfraquecida"
Logo após perder a votação no Parlamento, o premiê Topolanek afirmou acreditar que a posição do país na Europa ficará inevitavelmente enfraquecida.
"Eu acredito que isso pode complicar nosso poder de negociação...nossos parceiros na Europa estão acostumados com nossas negociações firmes", afirmou Topolanek à imprensa.
Pela Constituição checa, o presidente Vaclav Klaus deve agora decidir quem formará o novo governo do país.
Se três tentativas de formar um novo governo falharem, novas eleições devem ser convocadas.
Resultado surpreendente
O voto de não-confiança na Câmara Baixa do Parlamento aconteceu depois de serem levantadas acusações de que um dos conselheiros de Topolanek teria tentado pressionar um canal de TV estatal a não apresentar um programa que fazia críticas a um parlamentar social democrata que decidiu apoiar a base governista.
A moção foi aprovada por uma maioria de apenas um voto, depois que quatro antigos membros da base governista decidiram votar junto com a oposição.
"O governo teve o que merecia", disse o líder social-democrata Jiri Paroubeck.
O correspondente da BBC em Praga, Rob Cameron, afirma que o resultado foi uma surpresa e que pode ter consequências além das fronteiras do país.
Além de ocupar a Presidência da UE, a República Checa está prestes a ratificar o Tratado de Lisboa e em negociações com os Estados Unidos para a instalação de um sistema de radares em seu território.
O presidente dos EUA, Barack Obama, deve fazer uma visita oficial a Praga daqui a duas semanas.
Segundo Cameron, após os fatos desta terça-feira, estas importantes iniciativas em política externa ficam mergulhadas em dúvidas.