Victor José Faccioni (*)
Passou a Semana da Pátria, durante a qual cada brasileiro sempre é convocado a refletir o que pode fazer para torna-la mais desenvolvida, forte e melhor. Válido também para o Brasil lembrar o apelo do então Presidente Kennedy aos seus concidadãos: "Não perguntes o que a nação pode fazer por ti, mas sim o que podes fazer por ela". Mais válido ainda quando, na atualidade, vemos um quadro preocupante, moldado por escândalos e corrupção, até mesmo onde menos se podia imaginar. Fica-se com a impressão de que o patriotismo teria cedido lugar à patriotice, por causa de equivocado desrespeito á lei, malversação do dinheiro público, corporativismo e ações antiéticas. Situação que parece se agravar com a insegurança, a impunidade e os novos e discutíveis parâmetros adotados na politica e relacionamento social.
Mas não se pode generalizar, eis que o positivo ainda é maior, apesar de os valores tradicionais e permanentes de família, justiça social e busca do bem comum como essência da atividade politica serem contestados e até postos de lado por alguns na compilação da nova cartilha comportamental brasileira. Vale, no entanto, a pergunta: de que independência, soberania, Estado de direito é possível então falar se inclusive os avanços da ciência da tecnologia e da informática começam a interferir e modificar esses mesmos conceitos? Mais do que suas dimensões territoriais, o que torna uma nação forte e influente é a capacitação dos seus recursos humanos. Tanto que, se novo grito do Ipiranga ocorresse hoje, penso deveria ecoar no sentido de o país investir maciçamente na formação e na educação de seu povo, pois pouco valeriam nossas riquezas materiais se não tivéssemos gente capaz e idônea para utilizá-las em beneficio de todos.
Lamentavelmente, o que se vê, ainda, é uma tendência de se tirar proveito em tudo, quando a preocupação e ação constante e decisiva deveria ser com geração de oportunidades, trabalho e vida digna para todos. Precisamos, pois, redesenhar a imagem da nossa grande nação, tomando consciência de que ela é, sim, " a nossa mãe gentil", "gigante pela própria natureza", mas que deve ser acordada de seu " berço esplêndido" e buscar definitivamente o lugar que lhe compete no contexto internacional.
Que se medite nisso, neste mês de setembro, pois temos pela frente muito e muito por fazer.
(*) Ex-Deputado Federal Constituinte e atual Secretário de Ação Política do MPB