O êxito das Olimpíadas do Rio de Janeiro espero que desperte a atenção da sociedade brasileira, a começar pelos políticos e governantes, da importância de se implantar um "Programa Educacional pró-Esportes", a partir das escolas, onde se forma o desdobramento educacional de nossa infância e juventude.

Em 1994, aprovamos, no Congresso Nacional, projeto de lei de minha autoria, nº 1.377, de 1991, que implantava um Programa Nacional de Esportes nas Escolas, que se transformou na Lei nº 8.946, de 5 de dezembro de 1994, depois revogada. Na época, Pelé assumiu o Ministério do Esporte, e disse-me que daria atenção à regulamentação da referida lei, mas, para minha surpresa, Pelé propôs outra lei e revogou a Lei do Esporte nas Escolas que eu havia proposto. Pelé havia concluído que a Lei do Esporte nas Escolas que aprovamos colidia com a Lei Pelé dos Esportes, quando na verdade se complementavam. Na lei que eu propusera, estabelecia um Programa de Esportes, que incluía na Educação Física que cada escola deveria promover. Criava "O Sistema Desportivo Amador Brasileiro" e institucionalizava as Olimpíadas Estudantis a nível municipal, estadual e nacional, num paradigma do que fazem as escolas dos EUA.

Nosso Estado ocupa a sexta posição no ranking brasileiro de quadras desportivas, em escolas, com menos da metade das escolas, 47%, de quadras desportivas. E alguns estados, com 8% apenas. Tal percentual nos dá a ideia do quanto a fazer, e importante uma legislação de estímulo para assegurar prática desportiva aos alunos, inclusive em fins de semana, férias e feriados, tirando assim a mocidade das ruas e dos tóxicos. No Brasil, todo o bairro tem escola, mas poucos bairros têm quadra desportiva. Indispensável o incentivo de quadra desportiva em cada escola, logo, em todos os bairros, estimulando o investimento privado, e dando a administração ao Círculo de Pais e Mestres. O esporte ensina a competir com regras e disciplina, e vital para a saúde e para a mente, "Mens sana in corpore sano", como nos ensina o latim.

Ex-deputado federal. Secretário de ação política do MPB

Artigo publicado originalmente no Jornal do Comércio de 19/09/2016